20070518

Em Mafamude não se festejou o dia da liberdade!


Mais uma vez se repetiu. O executivo PSD/PP (coligação de direita) que "dirige" a junta de freguesia de Mafamude, resolveu não se associar às comemorações dos 33 anos do 25 de Abril de 1974 - o dia em que os portugueses voltaram a ser livres - depois de 48 anos de ditadura fascista que oprimiu Portugal.


O 25 de Abril de 1974 continua a ser uma data incómoda para muita gente. Pelos vistos deve-o ser para o Sr. Fernando Vieira, ilustre presidente da junta de freguesia de Mafamude (aqui na foto) que dirige, há cerca de 25 anos, os destinos da freguesia, e também para a sua equipa composta por militantes do PPD/PSD e do CDS/PP (partidos da direita, que se diz democrática).
Esta decisão da junta de freguesia de Mafamude, em não querer assinalar o dia da liberdade, leva-nos todos a reflectir sobre a consciência, a maturidade, a preparação e a formação daqueles que foram eleitos pela população para os representar nos cargos públicos. Será que o povo votou bem? Será que o povo sabia o que estava a fazer? Será que o povo não está a confiar a gestão da "coisa pública" a pessoas saudosas pelo regresso de um regime totalitário?
Mas qual o interesse em menorizar uma data tão importante como foi o 25 de Abril de 1974? Quem tem interesse em ignorar o "dia da liberdade" são aqueles que perderam o poder com a queda do regime fascista português; são aqueles que acham que o 25 de Abril é um dia de luto nacional; são os simpatizantes do PNR (os neo-nazis que se reclamam herdeiros do nacionalismo lusitano, para esconder os seus instintos racistas, xenófobos, intolerantes e violentos); são aqueles que querem manter a população menos instruída na ignorância, cobrindo com o véu do obscurantismo a história e fazendo esquecer esta data da "revolução dos cravos", para depois desacreditar o regime democrático e preparar a chegada de novas ditaduras.


Esta coligação partidária, de direita, que gere os destinos da freguesia de Mafamude, ao tomar esta atitude vergonhosa, de querer branquear uma data tão importante como é a do 25 de Abril de 1974, apenas vai ao encontro daqueles e daquelas que pretendem o fim da democracia em Portugal.
A liberdade não é um dado adquirido; a liberdade conquista-se no dia-a-dia, luta-se por ela; a liberdade é um bem precioso e frágil, que pode ser quebrado a qualquer momento.
O Sr. Fernando Vieira, presidente da junta de freguesia de Mafamude, demonstra um evidente desprezo pelo dia da liberdade, preferindo rebaixar o 25 de Abril e também o 1.° de Maio (que, igualmente não foi comemorado em Mafamude, este ano).
Qualquer dia, podemos esperar ver a junta de freguesia de Mafamude (liderada pela coligação PSD/PP) a festejar o 28 de Maio de 1926 (data da instauração da ditadura militar que deu origem à ditadura de Oliveira Salazar, Marcello Caetano, Américo Thomaz e sua filha Natália) ou mais não seja, festejar o "24 de Abril".
O irreal, nisto tudo, é que até os correlegionários do Sr. Fernando Vieira (o caso do Dr. Alberto João Jardim, militante do PPD/PSD da ilha da Madeira e presidente do governo regional da mesma) festejam o 25 de Abril de 1974; muitos fazendo-o à sua maneira, é certo e sabido.
O que se fez em Mafamude, foi um profundo desrespeito pela memória de muitos, que perderam a vida, lutando pela conquista da liberdade, e não me refiro somente ao povo de esquerda; que dizer então do Dr. Francisco Sá Carneiro (fundador do PPD/PSD, o partido do presidente da junta de freguesia de Mafamude) que ainda durante a ditadura do Estado Novo, no final dos anos 60 e começos dos anos 70, primeiro como deputado da ala liberal e depois como colunista no jornal Expresso, "denunciou" os atropelos dos direitos fundamentais pelo regime ditatorial, então vigente.
Mafamude é uma freguesia histórica. Das mais antigas de Portugal, e merecia uma governação responsável, mas também uma governação que tivesse respeito e consideração pela memória colectiva e que desse valor às conquistas obtidas com muito suor e sacrifício.O 25 de Abril de 1974 deve ser festejado por todos aqueles que amam a liberdade, que gostam de viver a sua vida em liberdade, respeitando o próximo, incluindo as suas diferentes formas de pensar. O 25 de Abril está longe de ser uma festa exclusiva de comunistas (para isso havia o 11 de Março de 1975).Quem não gosta do 25 de Abril, não quer viver em liberdade; nem quer permitir que os outros vivam usufruindo da mesma liberdade.