20090107

A morte do PPD/PSD


O PPD/PSD é uma genuína invenção lusitana: na maior parte dos países europeus há dois partidos que bipolarizam as preferências dos eleitores: um mais à esquerda, ligado à Internacional Socialista (estilo PS, PSOE, Trabalhistas, Democratas...) e outro mais à direita, liberal e de inspiração cristã (normalmente chamado Partido Popular ou Conservador).

O PPD/PSD polarizou em Portugal o voto da direita seguindo orientações liberais mas não é um partido de inspiração cristã. É uma mistura de pragmatismo e populismo liberal, onde foram cabendo variadíssimas personalidades, sem um forte suporte ideológico identitário: nem é a cartilha cristã, nem o legado social-democrata de Bernstein (que Cavaco Silva evoca de vez em quando). É um misto de protagonismos individuais, que clama pela destruição do Estado enquanto se apodera do seu aparelho e que foi estruturando uma clientela de interesses e cumplicidades.

O afastamento de grande número de dirigentes do PPD/PSD nos últimos anos é um evidente sinal de sua crise e da manifesta degradação da sua capacidade de intervenção e mobilização. Vai sobrando quem tem paciência para esta deriva ou quem tem alguma coisa a defender.

O programa liberal de José Sócrates deixou em cacos as poucas jarras que ainda ornamentavam as sedes laranja. O PPD/PSD não encontra o espaço ideológico que nunca construiu. Não há nenhuma renovação de dirigentes e o discurso é cada vez mais desorientado. A coisa está morta.

Mesmo estando morto, o PPD/PSD vai demorar a enterrar. Vai ter que ser arrastado, alapado como está a muitos grandes e pequenos poderes, em todo o país, suportado por generosos patrocinadores que o irão defender. O PPD/PSD desaparecerá de vez quando esses patrocinadores encontrarem uma alternativa liberal de confiança. Entretanto, está morto. E cheira mal, cada vez pior!

Em Vila Real de Santo António temos na gestão autárquico esse partido morto. Uma estranha gestão, partilhada por militantes laranja, ex-comunistas, renovadores comunistas e, muitas vezes, com a cumplicidade explícita do Partido Comunista. Será o amor a Cuba, o que os une neste projecto? Pelo estado descomposto em que está a cidade, não será certamente o amor a Vila Real de Santo António.

João Romão

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