20090902

ISTO É UM PARTIDO OU UM FILME DE TERROR?

Se o PSD fosse um filme de terror seria daqueles tão implausíveis que passaríamos o tempo todo a ridicularizar o realizador: "Mas como é possível que ele queira que nós acreditemos nisto?" Por mim, mais depressa me convencia de que metade da humanidade era composta por marcianos disfarçados do que julgava crível que o maior partido de oposição fosse capaz de acumular tantas asneiras em tão curto espaço de tempo, ao ponto de desbaratar a única verdadeira oportunidade que tinha frente a José Sócrates - a interminável guerra com os professores.

É tal a balbúrdia e o amadorismo que uma pessoa nem sabe sobre que matéria é mais premente verter as lágrimas. Ora vejamos. Hei-de deprimir-me com um partido cujos deputados passam o tempo todo a fazer figura de corpo presente nas votações e logo na única vez em que podiam ser relevantes não aparecem no hemiciclo? Hei-de deprimir-me com o facto de a organização do PSD estar ao nível de um grupo recreativo de junta de freguesia? Hei- -de deprimir-me com o desprestígio dos nossos tristes tribunos, cuja dedicação à causa pública é tanta que numa altura de crise entendem que se os portugueses têm direito a um fim-de-semana prolongado então eles têm direito a um fim-de-semana prolongadíssimo? Hei-de deprimir-me com Manuela Ferreira Leite, por a coisa estar a chegar a um ponto em que até Jesus Cristo se deve ter divertido mais na via sacra? Ou hei-de antes deprimir-me com aqueles que acham que este é um caso revelador da sua falta de autoridade no partido, como se a função de um líder do PSD fosse de mestre-escola, sublinhando às 75 criancinhas que amestra no Parlamento a importância de fazerem o trabalho de casa?

Uma pessoa sente-se como um daqueles acidentados que têm tantos ossos partidos que já nem sabem onde lhes dói. O que eu sei, de ciência certa, é que não pode ser nada bom estarmos enfiados numa das maiores crises mundiais, termos uma das mais importantes classes do País com vontade de esganar o primeiro-ministro, vermos os sindicatos a ganharem uma força que já não tinham há 20 anos, e cada sondagem que vem para a rua continuar a colocar o Partido Socialista à beira da maioria absoluta. Quando José Sócrates se torna numa inevitabilidade nacional, o único timoneiro capaz de manobrar o barco, ó meus amigos: mais vale apagar a luz e fechar a porta. E escusam de me perguntar por soluções, OK? Eu também já tenho um torcicolo de tanto girar a cabeça sem vislumbrar alternativa. Bem vistas as coisas, talvez o melhor seja mesmo chorar por causa disto. Alguém me alcance os lenços de papel, se faz favor
João Miguel Tavares